Pêssach: o que é e como celebrar?

Pêssach: o que é e como celebrar?

 

 

Pêssach: o que é e como celebrar?

Tsadok Ben Derech

 

VISÃO PANORÂMICA DE PÊSSACH

Um mal que assola muitas pessoas é a falta de memória. Com o passar do tempo, quando envelhecemos, tendemos a nos esquecer de muitos fatos de nossa vida. Às vezes, não nos lembramos bem de algo que aconteceu há vinte anos atrás. 

E o que você diria de eventos que ocorreram há três mil anos? Praticamente todos os povos iriam esquecê-los com facilidade, exceto Israel!

Para evitar a amnésia de Seu povo, YHWH prescreveu um antídoto: as festas bíblicas!

YHWH estimula as celebrações para despertar a memória de seu povo, visto que as recordações dos grandes feitos do ETERNO mantêm a chama acesa no coração de Israel.

Da primavera até o outono, existem três festas denominadas Festas da Peregrinação, em que os filhos de Israel deveriam se dirigir ao Templo em Yerushalayim para celebrá-las: Pêssach, Shavuot e Sukot. São conhecidas como “shalosh regalim” (três pés), pois comemoram três eventos marcantes do povo de Israel, relacionados à saída do Egito e à jornada para a Terra Prometida. 

Pêssach (פסח) é a festa determinada por YHWH com o objetivo de comemorar a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, conforme o relato de Shemot/Êxodo 12: 

1. YHWH disse a Moshé e a Aharon, no Egito:

2. Este deverá ser o primeiro mês do ano para vocês.

3. Digam a toda a comunidade de Israel que no décimo dia deste mês todo homem deverá separar um cordeiro ou um carneiro, para a sua família, um para cada casa.

4. Se uma família for pequena demais para um animal inteiro, deve dividi-lo com seu vizinho mais próximo, conforme o número de pessoas e conforme o que cada um puder comer.

5. O animal escolhido será macho de um ano, sem defeito, e pode ser cordeiro ou carneiro.

6. Guardem-no até o décimo quarto dia do mês, quando toda a comunidade de Israel irá sacrificá-lo, ao pôr do sol.

7. Passem, então, um pouco do sangue nas laterais e nas vigas superiores das portas das casas nas quais vocês comerão o animal.

8. Naquela mesma noite comerão a carne assada no fogo, com ervas amargas e matsá [massa sem fermento].

9. Não comam a carne crua, nem cozida em água, mas assada no fogo: cabeça, pernas e vísceras.

10. Não deixem sobrar nada até pela manhã; caso isso aconteça, queimem o que restar.

11. Ao comerem, estejam prontos para sair: cinto no lugar, sandálias nos pés e cajado na mão. Comam apressadamente. Este é o Pêssach de YHWH. 

12. Naquela mesma noite passarei pelo Egito e matarei todos os primogênitos, tanto dos homens como dos animais, e executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou YHWH!

13. O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito.

14. Este dia será um memorial que vocês e todos os seus descendentes celebrarão como festa a YHWH. Celebrem-na como decreto perpétuo.

15. Durante sete dias comam matsá [massa sem levedo/fermento]. No primeiro dia tirem de casa o seor [levedo/fermento], porque quem comer qualquer coisa com chamêts [o que é levedado], do primeiro ao sétimo dia, será eliminado de Israel.

16. Convoquem uma reunião santa no primeiro dia e outra no sétimo. Não façam nenhum trabalho nesses dias, exceto o da preparação da comida para todos. É só o que poderão fazer.

17. Guardem a festa de matsôt [massas não-levedadas], porque foi nesse mesmo dia que eu tirei os exércitos de vocês do Egito. Guardem esse dia como decreto perpétuo por todas as suas gerações.

18. No primeiro mês comam matsá [massa sem fermento], desde o entardecer do décimo quarto dia até o entardecer do vigésimo primeiro.

19. Durante sete dias vocês não deverão ter seor [levedo/fermento] em casa. Quem comer qualquer coisa com chamêts [o que é levedado] será eliminado da comunidade de Israel, seja estrangeiro, seja natural da terra.

20. Não comam nada com chamêts [o que é levedado]. Onde quer que morarem, comam apenas matsá [massa sem levedo/fermento].

21. Então Moshé convocou todas as autoridades de Israel e lhes disse: Escolham um cordeiro ou um carneiro para cada família. Sacrifiquem-no para celebrar Pêssach!

22. Molhem um feixe de hissopo no sangue que estiver na bacia e passem o sangue na viga superior e nas laterais das portas. Nenhum de vocês poderá sair de casa até o amanhecer.

23 Quando YHWH passar pela terra para matar os egípcios, verá o sangue na viga superior e nas laterais da porta e passará sobre aquela porta, e não permitirá que o destruidor entre na casa de vocês para matá-los.

24. Obedeçam a estas instruções como decreto perpétuo para vocês e para os seus descendentes.

25. Quando entrarem na terra que YHWH prometeu lhes dar, celebrem essa cerimônia.

26. Quando os seus filhos lhes perguntarem: “O que significa esta cerimônia?”,

27. respondam-lhes: É o sacrifício de Pêssach a YHWH, que passou sobre as casas dos israelitas no Egito e poupou nossas casas quando matou os egípcios. Então o povo curvou-se em adoração.

28. Depois os israelitas se retiraram e fizeram conforme YHWH tinha ordenado a Moshé e a Aharon.

29. Então, à meia-noite, YHWH matou todos os primogênitos do Egito, desde o filho mais velho do faraó, herdeiro do trono, até o filho mais velho do prisioneiro que estava no calabouço, e também todas as primeiras crias do gado.

30. No meio da noite o faraó, todos os seus conselheiros e todos os egípcios se levantaram. E houve grande pranto no Egito, pois não havia casa que não tivesse um morto.

31. Naquela mesma noite o faraó mandou chamar Moshé e Aharon e lhes disse: Saiam imediatamente do meio do meu povo, vocês e os israelitas! Vão prestar culto a YHWH, como vocês pediram.

32. Levem os seus rebanhos, como tinham dito, e abençoem a mim também.

33. Os egípcios pressionavam o povo para que se apressasse em sair do país, dizendo: “Todos nós morreremos!”

34. Então o povo tomou a massa antes de sua fermentação e a carregou nos ombros, nas amassadeiras embrulhadas em suas roupas.

35. Os israelitas obedeceram à ordem de Moshé e pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro, bem como roupas.

36. YHWH concedeu ao povo uma disposição favorável da parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios.

37. Os israelitas foram de Ra’amses até Sukot. Havia cerca de seiscentos mil homens a pé, além de mulheres e crianças.

38. Grande multidão de estrangeiros de todo tipo seguiu com eles, além de grandes rebanhos, tanto de bois como de ovelhas e cabras.

39. Com a massa que haviam trazido do Egito, fizeram matsôt [massas não-levedadas]. A massa não tinha levedado, pois eles foram expulsos do Egito e não tiveram tempo de preparar comida.

40. Ora, o período que os israelitas viveram no Egito foi de quatrocentos e trinta anos. 

41. No dia em que se completaram os quatrocentos e trinta anos, todos os exércitos de YHWH saíram do Egito.

42. Assim como YHWH passou em vigília aquela noite para tirar do Egito os israelitas, estes também devem passar em vigília essa mesma noite, para honrar a YHWH, por todas as suas gerações.

43. Disse a YHWH a Moshé e a Aharon: Estas são as leis de Pêssach: Nenhum estrangeiro poderá comê-la.

44. O escravo comprado poderá comer do Pêssach, depois de circuncidado,

45. mas o residente temporário e o trabalhador contratado dela não comerão.

46. Vocês a comerão numa só casa; não levem nenhum pedaço de carne para fora da casa, nem quebrem nenhum dos ossos.

47. Toda a comunidade de Israel terá que guardar Pêssach.

48. Qualquer estrangeiro residente entre vocês que quiser celebrar o Pêssach de YHWH terá que circuncidar todos os do sexo masculino da sua família; então poderá participar como o natural da terra. Nenhum incircunciso poderá participar.

49. A mesma Torá se aplicará ao natural da terra e ao estrangeiro residente.

50. Todos os israelitas fizeram como YHWH tinha ordenado a Moshé e a Aharon.

51. No mesmo dia YHWH tirou os israelitas do Egito, organizados segundo as suas divisões.

Como visto, YHWH ordenou que seu povo guardasse Pêssach por todas as gerações, visando recordar a redenção da escravidão no Egito e sua saída para a Terra Prometida. Por tal motivo, Pêssach é denominado ”Festa da Liberdade”.

Na Torá, a festa de Pêssach também foi disciplinada em Vayikrá/Levítico 23:4-8 e Devarim/Deuteronômio 16:1-9.

A libertação do Egito é tão importante que, em Assêret HaDibrot (Dez Palavras/”Dez Mandamentos”), o 1º dos Dez Mandamentos fala justamente sobre isso: 

“Eu sou YHWH, teu Elohim, que te tirei do Egito, da casa da servidão” (Shemot/Êxodo 20:2).

Pêssach (“passagem”) é uma palavra hebraica que provém de “passôach” (passar por cima). Na última praga decretada pelo ETERNO, os filhos de Israel marcaram o batente de suas portas com o sangue de um cordeiro sacrificado, e o anjo exterminador “passou por cima” de suas casas e levou à morte todos os primogênitos do Egito. Os israelitas adotaram o procedimento ordenado pelo ETERNO e foram poupados, porém, os egípcios incrédulos viram seus primogênitos morrer. Isto nos ensina que o ETERNO protege e recompensa os justos, mas pune os ímpios. Pêssach também se refere à “passagem” do povo de Israel, da escravidão à liberdade.

Eis alguns nomes pelos quais é conhecida a festa de Pêssach:

a) Chag Zemán Cherutênu (Festa do Tempo da Nossa Liberdade);

b) Chag HaMatsôt (Festa das Massas Não-Levedadas/”Pães Ázimos”). Este nome decorre do fato de o povo de Israel ter saído do Egito de forma tão rápida que não houve tempo de o pão fermentar. Disto se aprende a seguinte lição: o livramento do ETERNO vem de modo veloz, em um piscar de olhos.

c) Chag HaAviv (Festa da Primavera). A festa recai na primavera, estação que marca o nascimento de belas flores e de verdes plantas. A renovação da natureza na primavera simboliza o renascimento espiritual de Israel, que saiu da escravidão e, agora livre, estaria pronto para receber a Torá. A Torá não é um jugo, como dizem os incautos, mas um instrumento de liberdade, pois foi dada logo após a libertação do povo. Não faria sentido o ETERNO libertar o seu povo da escravidão e o escravizar por meio de sua Torá. A primavera aponta para novidade de vida de Israel: o escravo foi liberto; quem vivia debaixo das ímpias leis egípcias agora receberia a Torá, instrumento de bênçãos para aqueles que obedecessem a YHWH.

Vejamos algumas características fundamentais de Pêssach:

1) É celebrado a partir do pôr do sol do 14º dia do primeiro mês do calendário bíblico-israelita (Lv 23:5), ou seja, já no dia 15º do primeiro mês, tendo em vista que no calendário bíblico o dia começa no anoitecer. No dia 15 do primeiro mês, há a mitsvá (mandamento) de se comer matsá (massa não-levedada) e marôr (erva amarga), conforme Ex 12:8. No passado era imolado o cordeiro e sua carne era comida, porém, esta prática não é mais adotada pelo Judaísmo rabínico em razão da inexistência do Beit HaMikdash (Templo). Para nós netsarim (nazarenos), existe uma outra razão adicional para não se matar e comer cordeiro: Yeshua é o Cordeiro de Elohim que já foi morto para a nossa redenção (Yochanan/João 1:29).

2) Após o término da refeição festiva de Pêssach, há uma vigília: “Assim como YHWH passou em vigília aquela noite para tirar do Egito os israelitas, estes também devem passar em vigília essa mesma noite, para honrar a YHWH, por todas as suas gerações” (Ex 12:42). Tal regra foi cumprida pelo Mashiach. Com efeito, após a refeição de Pêssach, Yeshua saiu com seus talmidim (discípulos) para orar em vigília, porém os talmidim não conseguiram permanecer acordados, e foram exortados pelo Mashiach (Matityahu/Mateus 26:26-45). 

3) No 15º dia, inicia-se o período de 7 (sete) dias conhecido como festa das matsôt, pois se dever comer matsôt [massas não-levedadas/”pães ázimos”] durante estes dias (Ex 12:15,18; Lv 23:6). Todo este período também é chamado de Pêssach.

4) Deve-se retirar de casa todos os alimentos fermentados/levedados (Ex 12:15,19). 

5) É proibido comer qualquer coisa com chamêts (alimento levedado/fermentado) – Ex 12:15,19. 

4) Em relação ao período de 7 (sete) dias, há convocação sagrada no primeiro e no sétimo dia, sendo proibido o trabalho, exceto para a preparação dos alimentos (Lv 23:7-8; Ex 12:16).

Uma dúvida muito comum se refere à data de Pêssach: Tal festa é comemorada a partir do dia 14 ou do dia 15 do primeiro mês?

Esta dúvida ocorre em razão de as Escrituras mencionarem tanto o dia 14 quanto o dia 15. Mas há uma explicação para esta suposta – e não verdadeira – contradição.

No dia 14 do primeiro mês, na parte da tarde, havia o sacrifício do cordeiro de Pêssach (Ex 12:5-6 e Lv 23:5). Ao escurecer, iniciava-se o dia 15 do primeiro mês (já que o dia se inicia ao anoitecer), e é neste dia que se inicia a Chag HaMatsot (Festa dos Pães Àzimos) (Lv 23:6), também chamada de Pêssach, ocasião em que se realiza o sêder de Pêssach.

Por que Chag HaMatsot também é chamada de Pêssach?

Explica o Rabino Levi Yitschak de Berditchev: Nós, como filhos de Deus, o amamos profundamente e nos referimos ao feriado como Pêssach, “passagem”, porque Deus “passou” sobre nossas casas e nos poupou, quando estava ferindo os primogênitos egípcios. Deus, o pai sempre amoroso, chama isso de Chag HaMatsot (Lv 23:6), uma referência à nossa preparação da matsá na expectativa de nossa redenção, confiando em Deus para nos sustentar. 

Em certo sentido, a celebração do dia 15 é considerada uma extensão do dia 14. Por quê? Porque em relação aos sacrifícios a Torá declara: “Mas a carne do sacrifício de ação de graças da sua oferta pacífica se comerá no dia do seu oferecimento; nada se deixará dela até à manhã” (Lv 7:15). Ou seja, ocorrendo o sacrifício de Pêssach na parte da tarde do dia 14 do primeiro mês, deveria ser comido no início do 15, à noite. Assim, no que diz respeito aos sacrifícios, a noite após o sacrifício ofertado é considerado como uma extensão do dia em que é oferecido.

Na época do Mishkan (Tabernáculo) e do Beit HaMikdash (Templo), a tarde do dia 14 do primeiro mês, momento em que ocorria o sacrifício do cordeiro de Pêssach, era considerado um momento sagrado e de celebração de Pêssach (Ex 12:6, Lv 23:5, Nm 9:3). Hoje, sem Templo, não há o sacrifício de Pêssach, e então o Judaísmo passou a considerar o dia 14 como um feriado menor – principalmente em comemoração do feriado antigo, em que muitos têm o costume de não trabalhar, para que possam fazer os preparativos de Pêssach, e há também o costume de estudar as leis da oferta de Pêssach.

 

YESHUA E PÊSSACH

Consoante a narrativa de Lucas, Yeshua e sua família participavam todos os anos de Pêssach em Yerushalayim (Jerusalém), denotando que os pais do Mashiach eram fiéis ao cumprir o mandamento relativo a tal festa:

“E os seus parentes todo ano iam a Yerushalayim, à festa de Pêssach.” (Lucas 2:41, Peshitta).

Já na fase adulta, Yeshua continuou a guardar Pêssach:

“E estava próximo o Pêssach dos [moradores] de Yehudá, e Yeshua subiu a Yerushalayim.” (Yochanan/João 2:13, Peshitta).

Foi durante a celebração de Pêssach que Yeshua, reunido com seus talmidim, proferiu as famosas palavras:

E enquanto comiam, tomou Yeshua o pão e abençoou-[o], e partiu-[o], e deu a seus talmidim, e disse: Peguem, comam. Este é o meu corpo.

E pegou um copo e agradeceu, e lhes deu, e disse: Peguem, bebam dele todos vocês. 

Este é o meu sangue da B’rit Chadashá, que por muitos é derramado para perdão de pecados.” (Matityahu/Mateus 26:26-28, Peshitta).

Por conseguinte, se em Pêssach o cordeiro foi imolado e seu sangue aplicado na casa dos filhos de Israel para livrá-los da morte dos primogênitos (Shemot/Êxodo 12), paralelamente, Yeshua é o cordeiro de Pêssach que derramou o seu sangue para a remissão dos pecados de seus fiéis. Yeshua é “o Cordeiro de Elohim, que tira o pecado do mundo!” (Yochanan/João 1:29, Peshitta).

Mister destacar: em Pêssach, um cordeiro era imolado e sua carne era servida em uma refeição juntamente com matsá e vinho, visando recordar a redenção do povo de Israel no Egito. Quando estava com seus talmidim (discípulos) guardando a festa de Pêssach, Yeshua aproveitou o momento para demostrar que Ele é o Cordeiro de Pêssach, e que a matsá (“pão ázimo”) simbolizava o seu corpo e o vinho o seu sangue (Matityahu/Mateus 26:26-28).

Sha’ul afirmou que Yeshua é o nosso Pêssach, determinando que os netsarim celebrassem esta festa, conforme 1ª Coríntios 5:7-8 (Peshitta):

“Purifiquem-se dentre si do chamets velho, para que sejam uma nova massa, assim como vocês são matsá. Porque o nosso Pêssach é o Mashiach, que foi sacrificado por nós. 

Por causa disso, vamos celebrar a festa, não com o chamets velho, nem com o chamets da maldade e da amargura, mas com o chamets da pureza e da kedushá”.

Cumpre registrar que, no momento em que Yeshua estava celebrando Pêssach, disse a seus discípulos: “Este é o meu corpo que é dado por vocês. Façam isto em minha memória” (Lc 22:19). Isto o quê? A celebração de Pêssach! 

Ou seja, Yeshua ordenou que a cada comemoração de Pêssach, em que um cordeiro era sacrificado, seus discípulos lembrassem que Ele é o Cordeiro que tira o pecado do mundo (Yochanan/João 1:29). Assim, Yeshua determinou que a celebração, como ato memorial, de sua morte e ressurreição fosse realizada em Pêssach (Lc 22:19), e não em outra data. 

Portanto, Yeshua nunca instituiu uma “Santa Ceia” ou “Ceia do Senhor”, como pensam equivocadamente os cristãos, mas tão somente prescreveu que no sêder (ordem/serviço; “ceia”) de Pêssach, ou seja, na alimentação comunal que ocorre nesta festa, houvesse a lembrança de seu sacrifício expiatório.

Ante tais fatos, os netsarim (nazarenos) não celebram a “Santa Ceia” inventada pelo Cristianismo, mas comemoram a morte e a ressurreição de Yeshua na data em que ele determinou: a festa de Pêssach.

 

PÊSSACH NÃO É SANTA CEIA

Não se pode confundir Pêssach com a Santa Ceia cristã.

A “Santa Ceia” cristã, tal como celebrada pelos cristãos, tem origem nos rituais pagãos e idólatras, sendo estranha à festa de Pêssach instituída pelo ETERNO. Eis o comentário do cristão Frank A. Viola:

O misticismo associado à Eucaristia [Ceia] deveu-se à influência do misticismo religioso pagão.

(…)

Mesmo descartando a noção católica da Ceia do Senhor enquanto sacrifício, os modernos cristãos protestantes continuaram abraçando a prática católica da Ceia.

(…)

A Ceia do Senhor composta por um biscoitinho (ou pedacinho de pão) e um dedalzinho de suco de uva (ou vinho) em nada se assemelha a uma ceia de verdade, o mesmo ocorre na Igreja Católica.

O humor é sombrio e taciturno. Como na Igreja Católica, o pastor diz à congregação que cada um tem que se examinar com respeito ao pecado antes de participar dos elementos. Uma prática que veio de João Calvino.

Como o sacerdote católico, muitos pastores ministram a ceia e recitam as palavras da instituição: ‘Este é o meu corpo’ antes de distribuir os elementos à congregação. Da mesma forma que a Igreja Católica. Com apenas algumas poucas mudanças, tudo isso vem do catolicismo medieval” (Cristianismo Pagão, páginas 113 e 114).

Vale ressaltar que Pêssach é totalmente diferente da “Santa Ceia” cristã, pois esta última:

1) tem origem na festa “ágape” da mitologia pagã greco-romana;

2) não é celebrada no 15º dia do primeiro mês israelita (Lv 23:5), e sim todos os meses;

3) usa pão fermentado no lugar da matsá (“pão ázimo”), o que representa violação à Torá (Ex 12:15,18; Lv 23:6);

4) não obedece às mitsvot (mandamentos) prescritas em Shemot/Êxodo 12;

5) desrespeita o comando de Sha’ul (Paulo) no sentido de que fosse celebrado o Pêssach (1ª Coríntios 5:7-8).

Este é o motivo pelo qual os netsarim da atualidade não realizam o rito denominado “Santa Ceia”, cuja origem está no misticismo católico. Substituem-na pela verdadeira festa determinada pelo ETERNO, que é Pêssach, comemorando tanto o episódio da libertação do povo de Yisra’el no Egito quanto – e principalmente – a morte e ressurreição de Yeshua HaMashiach.

 

PÊSSACH NÃO É PÁSCOA CRISTÃ

Muitos pensam incorretamente que Pêssach é o mesmo que Páscoa cristã, porém, são institutos diferentes.

Pêssach não é igual à Páscoa cristã, porquanto esta última:

1) não é comemorada no 15º dia do primeiro mês israelita e durante os sete dias festivos (Lv 23:5-6), e sim na data fixada pela Igreja Católica Romana em seu calendário gregoriano;

2) não segue os mandamentos preconizados na Torá (exemplo: os cristãos não fazem o sêder de Pêssach; não contam a Hagadá; não se alimentam de matsá durante o período da festa; não retiram o chamêts suas casas; não cumprem as convocações solenes de YHWH no primeiro e no sétimo dia de matsôt, etc).

 

A SANTA CEIA NÃO SUBSTITUIU PÊSSACH? NÃO HOUVE A INSTITUIÇÃO DA “SANTA CEIA” NA B’RIT CHADASHÁ?

Primeiramente, a festa de Pêssach foi instituída na Torá (Ex 12), razão pela qual não poderia ser anulada (Mt 5:17) e substituída pela Santa Ceia. Em segundo lugar, a B’rit Chadashá não instituiu a Santa Ceia.

Certos cristãos sustentam erroneamente que a “santa ceia” teria base bíblica, e citam os textos de 1 Coríntios 11 (versão Almeida Revista e Atualizada):

“20 Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. 

21 Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague”. 

O argumento ventilado pelos cristãos é o seguinte: “1 Co 11:20 menciona a ceia do Senhor”, ou seja, os discípulos estavam celebrando a Santa Ceia. Porém, o texto aramaico de 1 Co 11:20 não fala sobre Santa Ceia. Senão vejamos.

1 Co 11:20 (Peshitta):

“Portanto, quando estiverem reunidos, não comam e bebam [excessivamente], como é justo para o dia de nosso Senhor”.

Portanto, enquanto a versão Almeida Revista e Atualizada usa a frase “não é a ceia do Senhor que comeis”, a Peshitta inscreve “não comam e bebam [excessivamente], como é justo para o dia de nosso Senhor”. Em outras palavras, a Peshitta não está tratando de Santa Ceia, mas sim combatendo a glutonaria e a bebedeira, que são pecados sérios, e quem cometê-los estaria praticando iniquidade (injustiça) e responderia por seus atos no “dia de nosso Senhor” (dia do juízo final).

Após repudiar a glutonaria e a bebedeira da comunidade dos coríntios (1 Co 11:20, Peshitta), Sha’ul disserta sobre o último Pêssach celebrado por Yeshua, aplicando algumas lições aos coríntios:

1 Co 11 (Peshitta):

“23 Porque eu recebi do nosso Senhor aquilo que lhes entreguei: Que o nosso Senhor Yeshua, naquela noite em que foi traído, tomou o pão, 

24 e [o] abençoou, e [o] partiu, e disse: Tomem, comam, isto é o meu corpo que é quebrado por causa de vocês. Assim façam em memória de mim.

25 Então, depois de terem comido, também deu o cálice e disse: Este cálice é a B’rit Chadashá em meu sangue. Assim façam todo tempo que o beberem, em memória de mim.

26 Porque, em todo tempo que vocês comerem deste pão ou beberem deste cálice, estarão relembrando a morte de nosso Senhor, até a sua vinda.  

27 Portanto, todo aquele que come o pão de YHWH e bebe de seu cálice, e não é digno disso, será culpado do sangue de YHWH e de seu corpo. 

28 Por isso, deve o homem examinar a si mesmo e, então, comer deste pão e beber deste cálice,

29 pois quem come e bebe dele, enquanto não for digno, come e bebe para a condenação de si mesmo, porque não separou o corpo de YHWH”.

Ora, no texto acima, Sha’ul está descrevendo o último Pêssach de Yeshua, e não a santa ceia. Após reproduzir os acontecimentos e as palavras de Yeshua proferidas em Pêssach, Sha’ul alerta que os coríntios não deveriam comer o pão de YHWH e beber de seu cálice (o pão e o vinho de Pêssach) de forma indigna, sob pena de serem considerados culpados do sangue e do corpo de YHWH, isto é, do Mashiach. Os indignos não podem celebrar Pêssach, uma vez que estariam atraindo condenação sobre si.

Conclusão: em 1 Co 11:23-29, Sha’ul está dissertando e dando instruções sobre a celebração Pêssach aos discípulos, e isto em nada se relaciona com a Santa Ceia. Tanto é verdade que a noite em que Yeshua foi traído e comeu o pão e tomou o cálice de vinho (1 Co 11:23-26) foi justamente durante a cerimônia de Pêssach (Mt 26:17, Mc 14:12, Lc 22:11). 

 

NÃO HÁ MENÇÃO À “SANTA CEIA” NO DIDAQUÊ? TAL SANTA CEIA NÃO ANULOU PÊSSACH?

Uma outra ideia equivocada defendida por certos cristãos é que a “santa ceia” foi ensinada no Didaquê, capítulos 9, 10 e 14, anulando Pêssach.

Sobre o tema, estes fatos são incontestáveis: 1) a festa de Pêssach foi instituída na Torá, 2) Yeshua não anulou a Torá (Mt 5:17), inferindo-se daí que manteve a festa de Pêssach, 3) não há a descrição de Santa Ceia no Didaquê.

Vejamos inicialmente os capítulos 9 e 10 do Didaquê:

Capítulo 9

“1 Quanto à ação de graças, agradeçam assim.

2 Primeiro, em relação ao copo [de vinho]:

‘Nós te agradecemos, nosso Pai,

Pela santa videira de Davi, teu servo,

que Tu nos deste a conhecer

por meio de Iesus [Ἰησοῦς = Yeshua] teu servo.

 A ti seja a glória para sempre.’

 3 E em relação ao partir do pão:

 ‘Nós te agradecemos, nosso Pai,

 Pela vida e conhecimento

 que Tu nos deste a conhecer

 por meio de Iesus [Ἰησοῦς = Yeshua] teu servo.

 A ti seja a glória para sempre.

 4 Mesmo quando este pão partido foi espalhado pelas colinas  e tornou-se um quando foi recolhido,

  Assim, que sua assembleia [ἐκκλησία] seja reunida em seu

  reino desde os confins da terra.

  Pois a glória e o poder são seus,

  por meio de Ἰησοῦ Χριστοῦ [Yeshua HaMashiach], para sempre”.

 5 Ninguém coma nem beba da vossa refeição de ação de graças, a não ser os que foram imersos em nome do Senhor, pois o Senhor disse a respeito disso:

‘Não dê o que é sagrado aos cães’.”

Capítulo 10:

“1 Quando estiverem satisfeitos, agradeçam assim:

 2 “Nós te agradecemos, Santo Pai,

 Por teu santo nome,

 que fizeste habitar em nossos corações,

 E pelo conhecimento e fé e imortalidade,

 que Tu deste a conhecer

 por meio de Iesus [Ἰησοῦς = Yeshua] teu servo.

 A ti seja a glória para sempre.

 3 Tu, Senhor Todo-Poderoso, criaste todas as coisas       

por causa do teu nome,

e Tu deste comida e bebida aos homens

para satisfação,

para que eles te agradecessem;

Por outro lado, Tu nos agraciaste com alimento espiritual e

bebida e vida eterna

por meio de Teu servo.

 4 Por todas as coisas, nós te damos graças, Senhor, porque

 Tu és poderoso.

 A ti seja a glória para sempre.

 5 Lembra-te, Senhor, da tua assembleia [ἐκκλησία],

 para preservá-la de todo mal

 e aperfeiçoá-la em seu amor.

 E ajuntá-la dos quatro ventos;

 seja ela santificada para o reino que lhe preparaste.

 Pois o poder e a glória são teus para sempre.

 6 Que venha a graça e que este mundo passe.

 Hosana ao Deus de Davi!

 Se alguém é santo, venha.

 Se alguém não for, que se arrependa.

 Maran ata! [μαρὰν ἀθά = O Nosso Senhor vem!]”.

 7 Permita, porém, que os profetas agradeçam o quanto quiserem.”

Ora, o capítulo 9 de Didaquê aborda o dever de ação de graças (v. 1) antes das refeições, tanto em relação ao copo de vinho (v. 2) quanto ao partir do pão (v. 3). Em uma perspectiva judaica, tratam-se de b’rachot (bençãos) que são feitas antes das rejeições sobre o vinho e sobre o pão, tal como se observa, por exemplo, na liturgia do Kidush a cada Shabat. Assim sendo, as b’rachot (bençãos) realizadas pelos judeus sobre o copo de vinho e o pão nada têm a ver com “santa ceia”, pois fazem parte da antiga liturgia judaica. No Didaquê, há a descrição de uma liturgia judaica sobre o copo de vinho e o pão, incorporando ao rito elementos messiânicos. Tal como os Sidurim (Sidurim é o plural de Sidur, livro litúrgico do Judaísmo) estabelecem ritos litúrgicos nas refeições, o Didaquê fez o mesmo, adicionando elementos relativos a Yeshua HaMashiach.

Já o capítulo 10 do Didaquê aborda a ação de graças após as refeições, que é uma prática nitidamente judaica: a Birkat HaMazon. Importante sublinhar que na Birkat HaMazon, atualmente constante nos Sidurim, há diversas alusões messiânicas, e o mesmo acontece no Didaquê: após as refeições, há a estipulação de uma liturgia de agradecimento, e nesta também ocorrem elementos messiânicos, que estão correlacionados a Yeshua HaMashiach.

Sobre os capítulos 9 e 10 de Didaquê, lecionam Kurt Niederwimmer e Harold W. Attridge que, segundo Wengst, a prática descrita não se relaciona à eucaristia, santa ceia:

“Mais recentemente, Wengst defendeu a ideia de que os capítulos 9-10 retratam nada além de uma refeição completa. Leva o nome εὐχαριστία, mas não tem nada a ver com a cristã Ceia do Senhor. A celebração mencionada nos caps. 9-10 é puramente uma refeição para saciar a fome, e nada mais” (Kurt Niederwimmer e Harold W. Attridge, The Didache: a commentary, Hermeneia—a Critical and Historical Commentary on the Bible. Minneapolis, MN: Fortress Press, 1998, página 142).

As práticas de Didaquê, capítulos 9 e 10, guardam afinidade com as tradicionais bençãos antes das refeições e a ação de graças após as refeições praticadas pelos judeus, bem como com o partir do pão mencionado em Atos 2:42 (Torah for Gentiles? What the Jewish Authors of the Didache Had to Say. Daniel Nessim. Pickwick Publications, Oregon, 2021, página 76).

Afiança Jürgen K. Zangenberg que os capítulos 9 e 10 do Didaquê têm por objetivo estabelecer uma liturgia para os discípulos acerca do “pão e vinho, os ingredientes básicos de qualquer refeição”, em substituição a fórmulas da liturgia judaica que não se relacionam à nova fé em Yeshua HaMashiach:

“Tematicamente e estruturalmente, essas orações são análogas às orações judaicas de refeição e, consequentemente, a passagem 9:1-10:6 tem a mesma função que 8:2, ou seja, substituir fórmulas litúrgicas que não são mais consideradas expressões apropriadas da nova fé a que pertence o público de Didaquê” (Matthew, James, and Didache: three related documents in their Jewish and Christian setting. Huub van de Sandt e Jürgen Zangenberg. Atlanta, 2008, Society of Biblical Literature, página 60).

Já o capítulo 14 do Didaquê assim dispõe:

“1 Reunindo-se no dia do Senhor [κυριακός], partam o pão e deem graças, confessando de antemão as suas transgressões, para que o seu sacrifício seja puro.

2 Que ninguém que esteja em disputa com seu companheiro se junte a vocês até que se reconciliem, para que seu sacrifício não seja profanado.

3 Este é [o significado] do que foi dito pelo Senhor: Em todo lugar e tempo oferece-me um sacrifício puro; porque eu sou um grande Rei, diz o Senhor, e meu nome é maravilhoso entre as nações” [Ml 1:11 e 14].

No texto acima transcrito, menciona-se o “dia do Senhor”. A palavra grega para “dia do Senhor” é κυριακός, que literalmente significa “a ceia que o Senhor comeu”, “a refeição que o Senhor fez para seus discípulos” ou “a refeição que o Senhor comeu com seus seguidores” (Johannes P. Louw e Eugene Albert Nida, Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains. New York: United Bible Societies, 1996), página 138).

Pois bem, qual a famosa refeição que Yeshua fez com seus seguidores antes de sua morte? Resposta: Pêssach! Assim sendo, Didaquê, capítulo 14, não está versando sobre eucaristia (entendimento dos católicos) e nem sobre santa ceia (entendimento dos protestantes), mas sim sobre Pêssach. Uma outra hipótese seria a vinculação de Didaquê 14:1 com Atos 20:7 (Peshitta):

E no primeiro dia [após] o shabat, quando estávamos reunidos para partir o pão da comunhão, Paulos falou com eles, porque no dia seguinte iria partir, e continuou a falar até o meio da noite”.

Atos 20:7 versa sobre o período da noite, assim que termina o Shabat, em que há a cerimônia judaica conhecida atualmente como Havdalá. Nesta, também é costume a realização de uma refeição comunal. Assim sendo, é possível que Didaquê 14:1-3 esteja abordando sobre o partir do pão (refeição comunitária) durante a Havdalá (período após o shabat), tal como lemos em Atos 20:7. Neste sentido, ensina David Stern:

“Seria natural que os crentes judeus que descansaram no Shabat com o resto da comunidade judaica se reunissem depois para celebrar sua fé comum em Yeshua, o Messias” (Jewish New Testament Commentary : a companion volume to the Jewish New Testament, electronic ed. Clarksville: Jewish New Testament Publications, 1996, At 20.7).

Conclusão: Didaquê nada ensina sobre a suposta Santa Ceia.

 

ELEMENTOS DA REFEIÇÃO FESTIVA DE PÊSSACH (SÊDER DE PÊSSACH)

Na festa de Pêssach, que ocorre no 15º dia do primeiro mês, existem alguns elementos obrigatórios determinados pelas Escrituras, enquanto outros foram acrescentados pela tradição (elementos não-obrigatórios, facultativos).

São elementos obrigatórios de Pêssach:

1) Hagadá (Ex 13:8). Em Pêssach, deve-se contar a história da libertação de Israel no Egito. As pessoas devem falar sobre todos os acontecimentos, refletindo sobre o milagre da liberdade e agradecendo o ETERNO por sua bondade e consequentes bençãos. No Judaísmo Nazareno, também se recorda o último Pêssach de Yeshua, quando o Mashiach aproveitou a festa para explicar que a matsá representa o seu corpo e o vinho o seu sangue, anunciando a sua morte expiatória para a confirmação da B’rit Chadashá (Nova Aliança/Aliança Renovada), consoante Matityahu/Mateus 26:17-30.

2) Matsôt (massas não-fermentadas/“pães ázimos”). As matsôt são servidas na refeição de Pêssach e também devem ser consumidas nos 7 (sete) dias subsequentes (Ex 12:8,15). Podem ser adquiridas em qualquer loja judaica, sendo possível a compra online com entrega em domicílio (http://www.sefer.com.br/). Ao final deste artigo, colocaremos um Apêndice ensinando como você pode fazer as suas próprias matsôt.

É interessante o simbolismo em torno das matsôt. Já que o fermento é o símbolo do mal (Mt 16:6 e Mc 8:15), que cresce dentro do ser humano, durante Pêssach e nos 7 dias da Festa das Matsôt o homem deve se abster do fermento (maldade), ou seja, deve refletir sobre sua vida e abandonar os pecados ainda existentes em seu coração. Trata-se de um período de reflexão e de purificação espiritual. 

Ademais, matsá (“pão ázimo”/sem fermento) também representa o corpo de Yeshua, o nosso Cordeiro de Pêssach, que foi entregue ao sacrifício: ”E enquanto comiam, tomou Yeshua o pão e abençoou-[o], e partiu-[o], e deu a seus talmidim, e disse: Peguem, comam. Este é o meu corpo” (Mt 26:26, Peshitta).

Há uma tradição de se colocar 3 (três) matsôt (“pães ázimos”) sobre a mesa, sendo que cada uma delas representaria certo patriarca de Israel: Avraham (Abraão), Yits’chak (Isaque) e Ya’akov (Jacó). Em certo momento, pega-se a matsá do meio, que representa Yits’chak, partindo-a ao meio, o que aponta para o quase-sacrifício de Yits’chak (Isaque) narrado em Bereshit/Gênesis 22. A matsá de Yits’chak também tipifica a morte expiatória de Yeshua, haja vista a conexão entre esta e os eventos descritos em Gn 22. Por este motivo, quando Yeshua pegou a matsá e afirmou “este é o meu corpo”, é provável que estivesse se referindo à matsá do meio (matsá representativa de Yits’chak/Isaque).  

3) Marôr (erva amarga; ex: chicória, almeirão, alface romana, raiz-forte cortada). Na refeição de Pêssach, no 15º dia do primeiro mês israelita, ordenou o ETERNO que se comesse marôr/erva amarga (Ex 12:8), podendo-se escolher uma das ervas acima exemplificadas.   

Eis o simbolismo: devemos nos recordar de quão amarga era a vida de Israel no Egito, agradecendo a YHWH por ter livrado o nosso povo da escravidão. Nós, netsarim (nazarenos), também rememoramos que Yeshua nos libertou da escravidão do pecado, de HaSatan e do mundo.

3) Vinho ou suco de uva. Consumido na refeição de Pêssach.

Também possui sentido metafórico. Lê-se na Torá que o sangue do cordeiro aplicado nos umbrais das portas livrou os primogênitos dos hebreus da morte, havendo condenação dos egípcios. Então, o vinho simboliza o sangue! Para o Judaísmo Nazareno, o vinho nos lembra do sangue de Yeshua que foi derramado para a expiação dos pecados daqueles que Nele creem: “E [Yeshua] pegou um copo e agradeceu, e lhes deu, e disse: Peguem, bebam dele todos vocês. Este é o meu sangue da B’rit Chadashá, que por muitos é derramado para perdão de pecados” (Matityahu/Mateus 26:27-28). Já que o vinho alegra o coração do homem (Sl 104:15), devemos nos alegrar com a redenção ofertada pelo sangue de Yeshua!

Tradicionalmente, o Judaísmo rabínico se vale de cinco cálices de vinho: quatro alinhados e um por fora em destaque. O cálice destacado é o cálice de Eliyahu (Elias), pois muitos judeus esperam que Eliyahu apareça primeiramente para anunciar o Mashiach, que se revelaria em momento posterior (Malachi/Malaquias 3:23-24; versões cristãs: Ml 4:5-6). Por tal razão o cálice de Eliyahu não é bebido durante a liturgia. Para nós netsarim (nazarenos), Yochanan HaMat’bil (João, o Imersor) já veio e anunciou Yeshua HaMashiach, cumprindo-se a profecia (Matityahu/Mateus 11:14-15). 

Eis a alegoria dos cálices de vinho: 1º cálice = santificação; 2º cálice = livramento das pragas do Egito; 3º cálice = benção/redenção; 4º cálice = louvor; 5º cálice = pertence a Eliyahu, segundo a visão rabínica. 

Quando Yeshua pegou o cálice de vinho e disse que este seria o sangue da B’rit Chadashá (Nova Aliança ou Aliança Renovada), é possível que estivesse se referindo ao terceiro cálice de vinho, que tipifica a benção e a redenção operadas pelo seu sangue derramado.

O costume de se beber quatro taças (arba cossot) de vinho durante o sêder de Pêssach possui várias explicações. A mais famosa afirma que as quatro taças de vinho são usadas porque a Torá usa quatro verbos diferentes para descrever a Redenção do cativeiro no Egito. As quatro citações à Redenção se extraem do Sêfer Shemot/ Livro de Êxodo 6:6-7:

1.  E vos tirarei de debaixo das cargas do Egito;

2.  E vos livrarei da sua servidão; 

3.  E vos redimirei com braço estendido e com grandes juízos; 

4.  E vos tomarei por meu povo.

Na atual liturgia judaica, assim são consumidas as quatro taças:

A primeira taça é bebida antes do início da Hagadá.

A segunda taça é enchida e consumida após a leitura da Hagadá, antes de se servir o jantar.

A terceira taça é bebida no momento da oração de ação de graças após a refeição.

A quarta taça é consumida no fim do serviço, antes dos cânticos que serão entoados.

Elementos da tradição judaica (facultativos, não-obrigatórios):

1) Chazêret (raiz/gengibre). Serve para complementar o Marôr, possuindo a mesma simbologia.

2) Charossêt (pasta doce de maça ou nozes, podendo ser acrescida de mel, obs: deve-se obter uma cor parecida com o barro). Tipifica a argamassa do qual os hebreus faziam argamassa no Egito, conotando o duro sofrimento do povo. Este elemento também nos lembra que com Yeshua nós somos libertos da escravidão e do barro existencial, e nossa vida torna-se doce como o mel. Ao final deste artigo, colocaremos no Apêndice uma receita para você fazer a sua própria Charossêt.

3) Karpás (salsão, cebola, aipo ou salsa). Mergulha-se o karpás em um prato ou copo com água salgada, lembrando as lágrimas dos hebreus quando eram escravos, clamando ao ETERNO pelo fim do sofrimento. Também é possível recordar que Yeshua nos consola de nossas lágrimas e nos liberta da escravidão espiritual. 

Mister observar que, quando Yehudá (Judas) meteu a mão no prato com Yeshua (Mt 26:23), este episódio pode se referir ao fato de se imergir a matsá com karpás no prato com água salgada.

Há quem entenda que Karpás representa o renascimento na primavera, e daí poderíamos vislumbrar uma figura do “novo nascimento” operado naqueles que creem em Yeshua (Yochanan/João 3).

Elementos que NÃO devem ser usados na keará (קערה), prato de Pêssach:

1) Beitsá (ovo cozido). Alguns estudiosos afirmam que se trata de um costume importado do paganismo da Babilônia, ligado aos cultos da fertilidade consagrados à deusa Ishtar, a “Rainha dos Céus”. Não obstante, explica o Judaísmo que Beitsá (ovo) lembra o sacrifício de chagigá. Chagigá é uma oferenda festiva, um sacrifício oferecido nas festividades do ETERNO, e em particular no dia 14º dia do primeiro mês, para ser comido antes do sacrifício de Pêssach. Ora, se Beitsá representa o sacrifício de chagigá, seria estranho usar este elemento para lembrar a morte de Yeshua, porquanto o Mashiach disse que a matsá simboliza o seu corpo (Mt 26:26), e não um ovo! Logo, os netsarim não devem usar beitsá.

2) Zerôa (osso queimado, geralmente da perna) ou carne de cordeiro, simbolizando o cordeiro pascal que era sacrificado na ocasião do Êxodo e durante o período do Templo. Ora, se Yeshua já morreu por nós, não faz qualquer sentido colocar um osso de animal para simbolizar o Mashiach. Vale destacar que Yeshua falou expressamente que seria a matsá (“pão sem fermento”) e o vinho que denotariam, respectivamente, o seu corpo e o seu sangue. Em outras palavras, o Mashiach indicou quais os elementos seriam usados em sua memória (matsá e vinho), e em NENHUM momento disse: “Peguem um osso queimado em minha memória e o coloquem na mesa”, ou: “O meu corpo e o meu sangue serão representados por um cordeiro que vocês deverão matar, servindo-o em um churrasco”. 

 

REGRAS ALIMENTARES DE PÊSSACH

Existem três fundamentos pelos quais YHWH ordenou que seu povo não consumisse alimentos fermentados/levedados durante todo o período de celebração de Pêssach. 

Primus, a saída do Egito foi tão rápida que a massa que os israelitas levaram não chegou a levedar, razão pela qual fizerem matsôt (Ex 12:39). Logo, alimentar-se de matsôt é ato memorial da rápida providência do ETERNO. Em Pêssach, há uma mudança radical em nossa rotina. Estamos acostumados a comer diariamente pão, e haverá a proibição absoluta de comer ou de até mesmo ter em casa pão. Isto nos serve para recordar que nossa vida mudou em Pêssach, pois passamos da escravidão para a liberdade. 

Secundus, à luz das Escrituras, o fermento é símbolo da maldade e da corrupção (Mt 16:6 e Mc 8:15). Então, a abstenção de comer alimentos fermentados, durante a festa, tem por finalidade nos levar à reflexão sobre nossas vidas, purificando e abandonando os resíduos de fermento (maldade) escondidos em nossos corações. Infere-se daí que o ato material de não comer chamêts possui um propósito espiritual elevado, qual seja, a autorreflexão e a busca de crescimento interior.

 Tertius, Yeshua disse que a celebração de Pêssach seria feita em sua memória (Lc 22:19), inferindo-se daí que a festa em tela comemora a morte e a ressurreição do Mashiach, que é a matsá: o “pão sem fermento” (sem pecado).

Eis um resumo sobre as leis alimentares de Pêssach: 

1) Deve-se retirar de casa todos os alimentos fermentados/levedados (Ex 12:15,19). Esta prática é conhecida como “Bedikat chamêts e biur chamêts” (a procura do chamêts e a eliminação do chamêts).

2) É proibido comer ou beber qualquer coisa com chamêts, ou seja, alimento levedado/fermentado durante os sete dias festivos (Ex 12:15,19), 

3) Em todo o período citado no item “2”, deve-se comer matsá (Ex 12:15, 20). Interessante observar que o Zohar chama a matsá de “pão da fé”. De fato, a matsá representa a nossa fé em Yeshua, já que o Mashiach é o pão da vida e o pão sem fermento (sem pecado).

O que é chamêts e o que é a matsá? Explica-se.

YHWH instituiu para Pêssach a proibição de que seu povo comesse qualquer alimento cuja massa tivesse passado por processo de levedação, formando chamêts.

O chamêts nada mais é do que o produto da massa que fermentou, levedou, inchou. Por outro lado, a matsá é fruto de uma massa preparada rapidamente, sem que houvesse tempo de passar pelo processo de levedação mencionado. 

O chamêts é, portanto, o oposto da matsá. Enquanto o primeiro refere-se a uma massa inchada, o segundo refere-se a uma massa vazia.

Obviamente que a levedação não era considerada pelos hebreus em seu sentido técnico de “transformação decorrente da ação de leveduras”, mas sim no sentido popular de “crescer ou fazer crescer”, que é como deve ser entendida nos dias atuais.

Em outras palavras, toda massa que tiver passado por qualquer processo de crescimento deve ser evitada durante a festa de Pêssach, enquanto está liberado o consumo de toda massa murcha, vazia, que não tiver passado por nenhum processo de crescimento.

É proibido o consumo até mesmo de uma quantidade ínfima de chamêts.

Exemplos de alimentos que NÃO podem ser consumidos durante a festa: pães comuns, pão sírio, pão de queijo (se for fermentado), biscoitos de água e sal, pastéis, rissoles, salgadinhos industrializados em geral (como Cheetos ou Fofura), bolos, pizzas, massas (como macarrão, gnocchi etc), fécula de batata ou de mandioca (se utilizadas como meio de crescimento de massa) etc.

Exemplos de alimentos PERMITIDOS durante a festa: Pão sem fermento (matsá ou pão ázimo), legumes, verduras, frutas, arroz, feijão, milho, lentilhas, ervilhas, ovos, sopas, queijos, sorvetes, chocolates.

De acordo com a Halachá (lei judaica), cinco cereais podem tornar-se chamêts: trigo, centeio, cevada, aveia e espelta. Assim sendo, segundo a halachá, seria possível o consumo de massas que crescem sem fermento, desde que estas não sejam feitas das cinco espécies de cereais. 

E os chamados kitiniyot? Podem ser consumidos?

Kitiniyot são pequenos alimentos e grãos que não são consumidos pelos judeus asquenazitas durante Pêssach, porém são comidos normalmente pelos judeus sefaraditas (ex: arroz, feijão, lentilha, milho, ervilha etc).

Não comem os asquenazitas os chamados kitiniyot pois, antigamente, estes grãos e pequenos alimentos cresciam em campos juntamente com os cinco cereais que podem gerar chamêts (trigo, centeio, cevada, aveia e espelta). Assim sendo, os judeus asquenazitas temiam que algum dos cinco cereais se misturassem com kitiniyot e os alimentos preparados tivessem chamêts, ainda que de forma oculta. Então, proibiram o consumo de kitiniyot. Por outro lado, os judeus sefaraditas entenderam que não existe proibição de se comer kitiniyot e, se estes não contiveram chamêts, não há nenhum problema em comê-los. Ora, está correto o entendimento dos judeus sefaraditas, porquanto kitiniyot não são massas derivadas dos cinco cereais (trigo, centeio, cevada, aveia e espelta), razão pela qual é lícito comê-los durante Pêssach.

Vale ressaltar que, sendo a proibição de ingerir tais alimentos dirigida somente aos seres humanos, não há necessidade de tirar de casa as rações para animais que tenham passado por processo de fermentação. 

A tradição nos ensina que devemos remover migalhas de pães que eventualmente tenham caído atrás dos móveis ou pelos cantos da casa, ou seja, é feita uma “faxina” para a remoção do chamêts.

Há casos de alimentos que podem gerar dúvidas acerca da licitude ou não. Existem duas perguntas que precisam ser feitas: 1) O alimento é feito de qualquer tipo de massa consistente de alguma das cinco espécies de cereais? (trigo, centeio, cevada, aveia e espelta) 2) Houve o crescimento do alimento, inchando-se? Se as duas respostas forem afirmativas, o alimento é proibido. Se pelo menos alguma resposta for negativa, então, o alimento será permitido.

Caso haja dúvida, melhor evitar o consumo, até em razão de a festa durar curto espaço de tempo.

 

EPÍLOGO

“A alegria dos três grandes festivais, Pêssach, Shavuot e Sukot, nos dá uma participação na Luz Interior de Elohim, trazendo uma nova vida para a mente e alma, e aumentando a nossa percepção de Elohim”. Rabbi Nachman de Breslov, Likutey Moharan I, 30.

“… Porque o nosso Pêssach é o Mashiach, que foi sacrificado por nós. 

Por causa disso, vamos celebrar a festa …” (1ª Coríntios 5:7-8). 

חג פסח שמח 

Chag Pêssach sameach!

Feliz festa de Pêssach!

 

APÊNDICES 

RECEITA DE MATSÁ PARA PÊSSACH

Ingredientes:

2 xícaras de farinha de trigo sem fermento

1/3 de xícara de azeite de oliva

1/2 de xícara de água

1 colher de sobremesa de sal.

Modo de preparo

Primeiramente, é preciso saber que a Matsá para Pêssach somente será kosher (apropriada, lícita) se não for fermentada. Se a massa fermentar, já era, a Matsá é inválida. Então, você precisa saber que o modo de preparo não pode passar de 18 minutos desde a mistura dos ingredientes até que a massa vá ao forno (alguns são mais radicais e fazem tudo em no máximo 18 minutos,  desde a mistura da massa até a retirada da matsá pronta do forno). Para garantir, é melhor não deixar passar de 15 minuto para levar a massa ao forno, pois assim você terá um “tempinho” de sobra caso ocorra algum imprevisto. Preparar a matsá em casa é muito divertido, pois é uma verdadeira corrida contra o tempo, e fica muito mais gostosa do que a industrializada. É muito legal quando toda a família se reúne para fazer a matsá e realizar a “missão impossível”: respeitar o limite dos 18 minutos. Então, vamos lá!!! 

Pré-aqueça o forno até que atinja a maior temperatura possível. Quanto mais quente melhor. Já deixe a assadeira no forno para que fique bem quente.

Misture o azeite com a água, adicionando a farinha e o sal (agora começa a contagem do tempo), até formar uma massa homogênea.

Divida a massa em aproximadamente 12 pedaços e coloque na mesa com farinha, usando um rolo para que cada pedaço fique muitíssimo fino, quase transparente de tão fino. Você pode usar formatos interessantes, como por exemplo deixar a matsá retangular ou até mesmo redonda. Faça muitos furinhos na massa com um garfo, evitando assim que a massa cresça.

Coloque tudo na assadeira e leve ao forno. Deixe um lado por três minutos, vire e deixe o outro lado por mais três minutos.

Dependendo do forno, você terá que virar a matsá em menos tempo, pois se a matsá dourar muito ficará com gosto de queimado.

Depois tire do forno e deixe a massa esfriar. Quando ela estiver fria, estará bem crocante e pronta para o consumo.

É uma delícia comer fresquinha, mas você pode manter a matsá em um recipiente hermético em temperatura ambiente por até alguns dias.

Dica importante: se você acha que não conseguirá fazer tudo dentro dos 18 minutos (desde a preparação da massa até colocar no forno), então, faça porções menores da massa (ex: meia receita ou um quarto da receita), e siga os demais procedimentos indicados. É melhor você fazer o procedimento algumas vezes do que terminar ultrapassando os 18 minutos, e aí a Matsá não será válida para Pêssach, visto que será considerada fermentada. Ou seja, é mais fácil fazer porções menores e repetir toda a operação do que tentar fazer a receita toda de uma vez, caso a pessoa não tenha experiência.

RECEITA DE CHAROSSET 

Ingredientes:

Maças

Sal

Canela

Ingredientes opcionais: 

Mel kosher, ou melado de cana (melaço) ou maple syrup.

Nozes

Modo de preparo

Lave as maçãs, corte em 4 gomos e retire as sementes. Passe as maçãs cortadas rapidamente em água com sal e descasque-as. Corte esses gomos em fatias menores, de 3 mm de espessura aproximadamente e distribua as fatias numa panela. Salpique uma pitada de sal.

Tampe e deixe no fogo médio por mais ou menos 15 minutos. Quando sair bastante caldo e a maçã estiver transparente, aumente o fogo e mexa de vez em quando para não grudar no fundo da panela. Quando o caldo diminuir coloque em fogo brando (o mais baixo possível) e mexa de vez em quando até a maçã ficar cozida e o caldo apurado. Bata a maçã no liquidificador, passe pela peneira, ficando assim uma consistência mais mole.

Volte a massa novamente para a panela e deixe em fogo brando, para apurar até que fique reduzida a 2 copos (tipo americano). Após, misture com um pouco de canela em pó. Caso queira, você poderá adicionar mel kosher, ou melado de cana (melaço) ou maple syrup, bem como nozes.

A pasta ficará com uma cor de barro, lembrando o barro dos hebreus escravos no Egito. 

Também é possível colocar na receita um pouco de vinho, bem como algumas frutas típicas de Israel: tâmaras, figos, amêndoas e nozes.


 

 

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